Viagens
Pigmentadas
Tradução : Manuel Nogueira
Meu itinerário artístico é moldado em uma tradição iconográfica consistente em colecionar
materiais em uma primeira fase e emsamblalos em uma segunda, igual aos realistas novos que inserem o da vida real na arte. Meu trabalho também é uma piscadela aos carnets de viagem de Delacroix
que, pela primeira vez na história da arte, integra em seus trabalhos as recordações de suas permanências em Oriente misturando os textos com as imagens e os aquarelas com os herbários. Picasso é
o primeiro que pela sua "Natureza morta em assento de grelhe", em 1912, questionará a estrutura da superfície dos quadros introducindo materiais e técnicas estranhas, em um princípio, para a
pintura artística.
Na minha exploração plástica, a mistura de meios é articulada entre duas e três dimensões casando a pintura com a fotografia e
transformando a escultura em pintura. Me deixen mencionar aos pictorialistas de começos de século, Arnulf Rainer e inclusive Pierre e Gilles que pintaram sobre fotografias, estes atores fazem
evoluir o olhar no quadro mas principalmente o uso do apoio. Seus baixo-relevos apresentan diferentes materiais coleitados e ensamblados no curso das viagens em uma trintena de países por os
cinco continentes. Estes materiais, naturais ou artificiais, recordações ou momentos fotográficos, são apresentados ou representados, confrontados, confundidos, casados entre eles, permitindo
deste modo estabelecer correspondências visuais, materiais e plásticas.
Os elementos apanhados pelo mundo inteiro misturanse em um grupo: um baixo-relevo que propõe a tudo que isso observa isto para viajar um
próprio itinerário. As correspondências entre os sensos são possíveis; daquele modo a arte é uma média cinestésica de percepção se torna.
Os materiais diferentes em papel, seja periódico, seda, ingressos ou fotografias constituem a base do trabalho em duas dimensões que
com a incorporação dos objetos, transforma certos espaços em tridimensionais. A pintura pela sua linha e desenho tornase escultura, na realidade em baixo-relevo com o propósito de traçar a rota
para continuar o espectador. Como sublinha Marcel Duchamp " É o espectador que faz o trabalho." Eu os convido, não só fazer o trabalho, mas viver e experimentar dela.
Materiais como opalas de Nova Zelândia, pedras preciosas de Brasil, folha de ouro de Tailândia, selos, moedas correntes diferentes,
fragmentos de jornal, fotografias, desenhos, esboços de cadernos de viagem, conhecem permitindo a quem os contempla traficar uma estrada, pelo baixo-relevo, testemunho de uma coalizão de
fragmentos e recordações de numerosas viagens.
Em certos trabalhos, compostos de comidas, doçura ou massas, o espectador será convidado a comer a continuidade da sua viagem, como exemplo
um chocolate em espiral que terminará a carreira no estômago do espectador. Projetase deste modo uma interrogação à noção de consumo da arte. A viagem culinária propõe um desmaterialización
daquela mesma viagem mental.
Esta integração dos pedaços constitui o testemunho de um tempo, de diferentes influências gráficas, visuais e plásticas igual ao que
aconteceria em um mercado de Kyoto ou de Buenos Aires onde se acha de tudo... os meios são conjugados em gênero, em número e em propriedades plásticas e levam ao espectador apreender a obra de
acordo com a sua sensibilidade.
Pela minha experiência profissional no ambiente de crianças e adultos em situação de discapacidad meus trabalhos ficam acessíveis a tudos,
propondo ao espectador - viajante privado de visão, fazer uma viagem pelo pano por outra média de ler, o tato, que se torna uma média de locomoção favorecendo a circulação na obra.
Jogar permitenos seguir o itinerário traçado pela pintura em relevo, viagem interrompida por obstáculos que forçan ó viajante a mudar a rota
e por conseguinte a leitura que faz do quadro. Então, o itinerário não é fixado e inalterável, é individual, enquanto permitindo perderse na superfície do quadro para o encontro de aspectos
diferentes culturais, naturais ou fazer uma pergunta em frente a um assunto de tempo presente.
Está a ponto de liberar a pintura do seu apoio e se libertar aos limites da tela: invasão das margens do quadro... as massas e objetos laterais reivindicam a sua autonomia.
Ainda que a linha simboliza uma viagem para fazer, o espectador pode achar pontilhados, símbolo de descontinuidade da linha, evocando daquele
modo um espaço de liberdade no qual o viajante-espectador pode perderse. Não é já um espectador simples mas um ator do seu itinerário sensorial.
A viagem é variável, o espectador pode seguir a sua sensibilidade cromática, procurar propriedades plásticas e estéticas semelhantes
entre dois materiais. Podese contemplar ajudando à correspondência entre as linhas verticais e horizontais que quando se unem formam um damero, espaço mental governado, não pelo rigor matemático
(desenho) mas pelo rigor poético (pictórico e cromático). Este espaço permite se libertar das limitações muito rígidas de um damero fortemente convencional. Isto concorda com a demanda de
Mondriani: só o horizontal e vertical, carregado com simbolismo forte, é identificado com o homem pela verticalidade e com a mulher para a horizontalidade., ou inclusive Deus ou ser
humano.
O damero, sistema de medida do espaço no Renascimento, é contemplado como uma média de nos subtrair a um destino prefixado, ditado e
orientado. Se estiver presente em meu trabalho, esparramase para ser deformado, liberando as linhas de limites muito rígidos que autorizam que o espectador-viajante seja um ator.
A espiral freqüenta e passeia pelo pano, como as serpentinas ou confetes de um carnaval. Na época manierista a espiral construiu o
espaço do quadro igual em "A Virgem do pescoço longo du Parmesão" em 1535. Evoca a trajetória de um caminho, uma rota, uma estrada igualmente. Quando as linhas unirem, formam um damero que
constitui um espaço mental que autoriza ó espectador como ator da sua própria viagem.
Como peão de um jogo de senhoras ou xadrez, o espectador pode transformarse em uma torre, um rei, um lunático ou outro peão com o propósito
de fazer uma viagem onírica. O espectador é um ponto no damero, um elétron que procura libertarse das linhas muito rígidas que o apanham. A focalização interna permitirão substituir o peão e fazer sua estrada, sem ser manipulado por um jogador.
Por viagens diferentes nos países dos modos, das cores, dos volumes, dos relevos, e de outras propriedades plásticas, o espectador é
convidado a transformarse em ator da viagem pigmentada. O uso de espelhos permitelhe, graças a reflexão de sua imagem e do universo no que é, fazer uma introspecção em se mesmo.
No curso das viagens de Buenos Aires à Tóquio, passando por New-York, Riga, Sydney, Bangkok, Kaikoura, Montréal até Tunísia ou Iguazú, a experiência alimentase de encontros plásticos e participa da criação de trajetórias. O espectador-ator da viagem ou viajante sensorial, observe, apalpa, experimenta os materiais e pelos seus itinerários sensoriais, cria um itinerário pessoal, por aquela viagem pigmentada.